Após umas férias esticadas, o PubhD volta a Évora para mais uma rodada de Ciência, copos e boa conversa. Nos encontramos com o Pedro Fialho e a Joana Machorrinho para falar de Biologia e Motricidade Humana.
Confira os temas do 19º PubhD Évora!
Peixes no Dentista: como classificar tubarões e raias a partir de dentes fósseis?
Em Paleontologia, dependendo do grupo de organismos que queremos estudar, poderemos ter muito, pouco ou quase nada com que trabalhar. No caso dos tubarões e raias, por serem peixes cartilagíneos, é difícil encontrar preservado o corpo completo. No entanto, esses animais renovam os seus dentes ao longo de toda a sua vida, e é bastante comum encontrarmos no registo fóssil grandes quantidades dos seus dentes. Por isso o estudo das formas antigas dos tubarões e raias assenta maioritariamente no estudo da morfologia dos dentes fósseis. Mas é possível descobrir alguma coisa a partir de um dente?
Na verdade, é possível saber muitas coisas a partir de um único dente fossilizado. Ao estudar-se um dente em pormenor, são feitas descrições elaboradas e comparam-se fósseis de diferentes colecções no sentido de se chegar a uma classificação o mais completa possível. É um processo extremamente demorado, que se baseia no que o investigador observa, na sua experiência e capacidade de descrição, o que torna este método bastante sujeito ao erro humano. Por isso, actualmente estão a ser utilizados novos métodos de classificação de dentes fósseis de tubarões e raias, que complementam as descrições e comparações feitas pelos investigadores, e aumentam a confiança nos resultados obtidos.
Pedro Fialho é doutorando em Biologia na Universidade de Évora e está a aplicar dois métodos complementares de análise – geometria morfométrica e análises de geoquímica – a três colecções de dentes fossilizados de tubarões e raias, no sentido de actualizar as informações destas colecções e de confirmar os resultados de estudos anteriores.
O Corpo e o Trauma: qual o significado do corpo para mulheres vítimas de violência doméstica?
O stress pós-traumático pode surgir em qualquer um de nós que experimente situações de guerra, acidentes, mudanças súbitas ou violência continuada ou súbita e intensa. Ataques contra a nossa própria vida (física ou psíquica) podem deixar-nos na necessidade constante de auto proteger: as nossas emoções, a nossa família, as nossas memórias, e até o nosso corpo.
Investigações recentes sugerem que o Stress Pós-traumático começa assim: o nosso corpo tenta proteger-se de uma ameaça (esquece ou pensa demasiado; “congela” ou luta constantemente de forma agressiva; sente dor de mais ou não sente dor nenhuma), e continua assim, mesmo depois de a ameaça desaparecer.
As vítimas de violência doméstica têm uma grande prevalência de stress pós-traumático e depressão, baixa autoestima e uma grande dificuldade psicológica e física em agarrar a sua vida e abandonar o agressor. Essa falta de empowerment (ou resiliência) pode acontecer quando sentimos ter pouco controlo sobre a nossa vida e pouca confiança nas nossas emoções. Será que também acontece quando temos pouca confiança no nosso corpo?!
Joana Machorrinho é doutoranda em Motricidade Humana na Universidade de Évora e está a estudar o significado do corpo em mulheres vítimas de violência doméstica, a sua consciência sobre o que acontece no seu corpo, as suas competências sensoriais, e até que ponto sentem o corpo como seu.
Estamos à sua espera, no dia 25 de Outubro, a partir das 21h!